16/10/2013

Jornal Extra – Clareamento dentário: especialistas tiram dúvidas sobre técnicas caseiras e profissionais

por Thamyres  Dias

A busca por dentes mais brancos – e um sorriso consequentemente mais bonito – leva diariamente centenas de pessoas aos consultórios odontológicos e às farmácias, em busca de produtos para o clareamento dentário. As técnicas são variadas e é importante saber qual o melhor produto para cada caso. O EXTRA convidou dois especialistas para explicar os prós e contras de cada tratamento, e para responder àquela pergunta fundamental: será que funciona?

clareamento dental com Gustavo Bastos dentista

“Clareamento funciona e é uma coisa séria. Eu defendo que os pacientes tenham liberdade de escolher o tratamento. Mas as pessoas precisam saber que o resultado depende de muitos fatores e, no caso dos clareamentos sem orientação profissional, pode não ser o esperado”, explica o ortodontista Gustavo Bastos.

Dentes que passaram por tratamento de canal, por exemplo, não reagem ao clareamento. As restaurações também não ficam mais brancas, o que acaba deixando o dente manchado. Uma saída é, após o procedimento, troca-las por restaurações mais claras. Crianças e adolescentes menores de 16 anos não devem utilizar produtos clareadores, pois ainda têm estruturas da dentição se formando. Gestantes também devem evitar esses produtos.

“Alguns pacientes com retração das gengivas apresentam um pouco de sensibilidade durante o clareamento. E não recomendamos o tratamento para quem faz uso frequente de bebidas alcoólicas e cigarro porque, além dessas substâncias interferirem no clareamento, acontece uma potencialização dos seus efeitos carcinogênicos (relacionados ao surgimento de tumores)”, ressalta Bastos.

Quem procura o consultório do dentista para clarear os dentes provavelmente será apresentado a duas alternativas. A primeira usa gel à base de peróxido de carbamida e a segunda, gel de peróxido de hidrogênio. As duas substâncias são preparadas pelo especialista, com a concentração adequada, e levadas para casa pelo paciente em uma moldeira feita sob medida.

A diferença entre os procedimentos está no modo de uso: a moldeira com peróxido de carbamida é colocada para dormir e retirada apenas pela manhã. Já o gel de peróxido de hidrogênio é usado durante o dia, com aplicações de aproximadamente uma hora. O tratamento pode durar de semanas a alguns meses, dependendo do efeito desejado pelo paciente.

“Em alguns casos associo o clareamento diurno com noturno, que são os métodos mais seguros e eficazes. É importante que o paciente reduza o consumo de mate, chá ,vinho tinto, açaí , molho shoyo e café para obter um resultado mais rápido do produto”, afirma a dentista Marcella Tuffani, lembrando ainda que não há a necessidade do uso de luzes ou laser para ativação do clareamento.

Já nas farmácias, os produtos clareadores mais comuns são as fitas, os cremes dentais e os enxaguantes bucais. Segundo os especialistas, os cremes removem as manchas mais superficiais dos dentes e, por serem mais abrasivos do que as pastas de dentes comuns, podem causar sensibilidade. Os enxaguantes, por sua vez, possuem concentrações baixas das substâncias clareadoras, sendo recomendados para a manutenção do branqueamento feito com supervisão do dentista. As fitas têm um bom efeito, especialmente em pacientes com dentição saudável e poucas restaurações.

“Entretanto o uso das fitas não oferece um clareamento duradouro”, pondera Marcella.

O uso de branqueadores sem o acompanhamento do dentista tem sido debatido intensamente no Brasil. Enquanto em outros países a utilização já é amplamente difundida, aqui há especialistas que apontam possíveis riscos para o tratamento. Por isso, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) tem avaliado a necessidade de mudanças nas regras para a regulamentação de produtos clareadores, com a exigência de prescrição do dentista para compra dos produtos. Em julho, o órgão se reuniu com representantes da indústria e das associações e conselhos de Odontologia para discutir o tema